“Ô Senhora do Rosaro que nos pode me valê”, cantigava Seu Antônio Boi, mestre da Banda do Congado, iniciada ao mesmo tempo em que a Lei Áurea alforriou o povo da escravidão. A festa se enraizou tão profundamente no vilarejo que Padre Alecinha, em 1917, desconhecia um Airães sem o tal cortejo.
De cetim branco, espada, coroa, fitas, cincerro e outros símbolos da celebração do 13 de maio, o Mestre Boi conduzia as dezenas de homens e mulheres que formavam o congo. O percurso dele é trilhado pelas marcas de Lúcio Costa. O primeiro mestre a puxar Antônio Matias, aos 7 anos, para dentro do movimento e a pessoa que inspirou o nome da banda.
A procissão segue entoando seus cânticos e batendo o tambor pelas vielas. Os condadeiros abençoam o lugar com as graças da libertação de 1888, agregando mais um ato da tradição indelével à cidade de Paula Cândido, na Zona da Mata.
Tomam a fala de Seu Raimundo Januário, outro mestre falecido, o velho que mantinha o sorriso brilhante, apesar de nunca ter tido uma escova de dentes na vida. A festa deveria acontecer ainda que as possibilidades fossem desfavoráveis.
“Vamo fazer oração, meu irmão, vamo fazer oração!”
Cantando embaixada, os louvores a Nossa Senhora do Rosário se estendem por todo o dia. Salve Reis e Rainhas, Capitães e Corta-ventos!
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