Jorge Francisco Belo além de mestre de Folia de Reis foi um bom contador de histórias. Lembrava dos encontros entre folias, dos feitiços e das brincadeiras perigosas dos palhaços. Devoto de são Jorge tinha nele sua proteção contra os perigos das jornadas.
“Quem canta sempre tem uns macetizinhos”, como disse seu filho Luzmar, para enfrentar as “pembas” de rezadores que tentavam prender a Folia.
Aprendeu a cantar Reis na Folia de seu pai Sebastião Francisco Belo. “De primeiro cantavam muito era na roça, tinha muito morador na roça. Naquela época faziam as fitas da bandeira de papel e colavam com farinha de mandioca. Passavam horas bem boas cantando, com muito respeito. Era bonito e era divertido” – contou seu irmão Onofre.
Jorge nasceu em 1943 em Cachoeira Alegre, município de Barão de Monte Alto, sua família, de oito irmãos, quase dava uma folia, morava em uma fazenda. Com a morte do pai se firmaram na cidade vizinha de Eugenópolis. Nessa época trabalhavam na fazenda da Retirada onde recomeçaram a Folia de Reis, sob sua liderança. Ele não sabia ler, mas sabia de tudo, entrava em qualquer lugar para cantar. Além de seguir com a bandeira deixada pelo pai, também chegou a cantar em outras Folias da região, como a de Pedro Bucho de Sapucaia.
E ele cantava muito, cantava bem, tinha uma voz forte que “se botasse no microfone arrebentava. É o dom que Deus deu a pessoa.” – disse Luzmar, que participou com o pai da Folia quando era mais moço. Fechavam a venda do pai, ao lado de sua casa, e iam cantar Folia em Raposo, em Lage do Muriaé, em Patrocínio, em Sapucaia na fazenda Ipiranga do falecido Jorge Merico. Não seguiu com a tradição do pai, mas guarda sua bandeira e de vez em quando ainda acompanha as Folias da região carregando seus filhos Gabriel e Gustavo para apreciarem festas, encontros e também apresentações de outras manifestações como mineiro pau e boi pintadinho.
Jorge Bitá deixou saudade. Segundo seu irmão Onofre: “a gente sempre andava junto, sempre unido, ele cantava e a gente cantava junto, a gente saia junto… É difícil esquecer, acabou a alegria. Se ele tivesse aí dia 24 a gente tava aprontando pra sair na Folia. Pra matar a saudade a gente põe o DVD dele”.
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Serginho nasceu, foi criado e começou sua carreira musical em Leopoldina-MG. Cantor e compositor, exaltava a beleza da cidade e seus arredores nas suas músicas. Fundou, junto dos amigos, o grupo Girassol Maravilhoso. Denominava-se como beatnik, botava os pés na estrada de chão e saía pela região em busca de inspiração. Revolucionou a pacata Leopoldina com suas idéias à frente de seu tempo e o ar despreocupado. Apesar da timidez e um pouco de melancolia, espalhava alegria por todo canto onde ecoava suas canções.
Foi também em Leopoldina onde veio a findar-se a carreira do poeta Augusto dos Anjos. O paraibano, depois de morar no Rio de Janeiro, veio procurar o descanso na cidadezinha. Nas cartas enviadas à família, enquanto estava na sua última morada, pode-se notar a tristeza da solidão, mas também um sentimento de paz e conforto. Suas produções, marcadas pelo pessimismo, pela visão científica do corpo da morte, foi dando lugar, nessa última fase, à melancolia e a saudade. Talvez tenha sido em Leopoldina que Augusto dos Anjos tenha encontrado sossego para seu espírito tão atormentado.
Baseado nisso, propusemos um encontro entre Augusto e Serginho. O poeta, triste, saudoso, é convidado pelo beatnik para um animado blue na estação de Vista Alegre. E vem chegando Augusto dos Anjos, com sua inseparável bengala/guarda-chuva enquanto Serginho do Rock o espera com uma cervejinha e a bandeira do Girassol Maravilhoso.