“Prefiro o carro de boi ao automóvel; é mais musical.”
(Carlos Drummond de Andrade )
Os eixos cantantes dos carros de boi oitavados ou torneados ditam as notas do ritmo dos trabalhadores no campo. Mesmo disputando o silêncio do mato com o ruído metálico dos modernos tratores, onde os gigantes de ferro não podem alcançar é a rês de músculos fortes e córneos altivos que transporta a produção.
Nas Palmeiras o eixo oitavado é que faz o “dueto de três vozes”, a alegria do Rochedo, do Coração, do Maranhão, do Sertão ou de qualquer boi que componha a junta. A afinação também é dada pelo peso carregado e pela madeira da qual se faz a peça sonora: sucupira, cabiúna ou garapa. A cada “baque” muda-se a entonação.
Na região, este meio de transporte já carregou muito arroz, mas os poucos camponeses que ainda cultivam a tradição o utilizam, principalmente, para levar capim e cana. Como afirma o Sr. Olímpio, o carro de boi “é do começo do mundo e num acaba não”. Prova vista na festa de São Sebastião, quando se reúnem as juntas e as boiadas mais afinadas.
Assim como os eixos do carro de boi devem estar juntos para soar o som, o trabalho na roça precisa estar afinado com a natureza. O zelo com os animais cria a fidelidade ao carreiro. A junta que dá a medida da vida do trabalhador é a mesma que ele coloca na criação.
Veja aqui a cobertura fotográfica do Encontro de Carros de Boi de Palmeiras, durante a festa de São Sebastião.
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